A Casa do Impacto esteve à conversa com Margarida Vale, co-Founder do Maria, um dos projetos que termina este mês o período de capacitação do programa de aceleração Rise for Impact.

Entramos na reta final do período de capacitação do Rise for Impact e convidamos os 10 participantes a fazerem uma retrospetiva do seu percurso até agora. A 16 de dezembro vamos conhecer os três finalistas do programa que entrarão na fase de incubação, que os levará até ao prémio final, num evento a não perder!

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Na entrevista de hoje, fica a conhecer o Maria, uma comunidade digital para promoção do desenvolvimento de competências emocionais e sociais de familiares, amigos e cuidadores informais de alguém com doença mental de forma acessível, conveniente e informal.

 

 

Como surgiu a ideia de criação do Maria? 

Eu e a Rita Lima, cofundadoras, conhecemo-nos na cadeira de Social Entrepreneurship: Building Impact Ventures do mestrado em Gestão da Católica Lisbon School of Business & Economics, que ambas frequentámos. Nessa cadeira, lecionada pelo professor João Cotter Salvado, fomos desafiadas a selecionar um problema social ou ambiental que gostássemos de ver resolvido para que, durante o semestre, o estudássemos com profundidade e encontrássemos uma solução que o minimizasse. Eu, enquanto filha de pessoa com doença mental grave, logo sugeri – e o grupo aceitou – o problema do pouco suporte dado aos familiares de pessoas com doença mental. O que é que isto significa? Que problema é este? Quando recebemos um diagnóstico de doença mental de alguém que nos é próximo, queremos apoiar na recuperação e adaptação à vida com doença. Mas apoiar é difícil! Na maior parte das vezes, não nos sentimos preparados, informados, capazes de desempenhar esse papel de suporte. Sendo este um tema tabu, é pouco falado nos nossos grupos sociais pelo que nos isolamos e sentimos sós neste aspeto particular, mas importante, da nossa vida. Eu tinha estas sensações, que me foram dadas pela minha experiência, mas logo percebemos que tudo isto já tinha sido documentado e era mais problemático do que à partida imaginávamos. Encontrámos um estudo de 2015 da Federação Europeia de Associações de Famílias de Pessoas com Doenças Mentais (EUFAMI), que nos revelou que mais de 1 em cada 3 familiares estão no limite de atingir um ponto de rutura! 88% destes querem mais informação sobre a doença mental dos seus, 90% ambicionam ter mais oportunidades para conhecer e partilhar experiências com outros familiares. Assim, pareceu-nos que o Maria teria que incorporar soluções de educação para a doença mental e experiências de interação entre pares. Tudo isto para que se aumentasse a literacia e a perceção sobre a capacidade para cuidar e reduzisse o isolamento e solidão. Mais tarde, e terminada a cadeira com todas as ideias em papel, candidatámo-nos ao Programa de Investimento do Fundo +PLUS da Casa do Impacto para testarmos a nossa abordagem a este problema. E assim nasceu o Maria.

 

O que é que vos impulsionou a participar no Rise for Impact?

Enquanto que no Fundo +PLUS estávamos a validar o nosso potencial de impacto, o Rise for Impact surgiu como uma oportunidade para refletir sobre e reestruturar o nosso modelo de negócio. Queríamos pensar mais sobre vendas e menos sobre impacto, porque até então era o inverso que acontecia, e sabíamos que tínhamos de conjugar ambos! Para além disso, queríamos continuar a beneficiar da comunidade de mentores da Casa do Impacto, bem como conhecer outros empreendedores e seus projetos.

 

O que é, como funciona e a quem se dirige o Maria? 

Atualmente, Maria é uma rede de suporte online para familiares de pessoas com doença mental onde se aprende, reflete e partilha experiências. Em concreto, Maria oferece workshops sobre as diversas doenças mentais e a forma de lidar com elas e sessões de reflexão e partilha entre pares num formato 1-on-1.

 

Em que fase se encontra agora?

Houve uma ideia, foi montada a equipa inicial e levantado o primeiro investimento que permitiu o lançamento. Agora, estamos entre as fases de mudança e modelo! Estamos a sintetizar as nossas descobertas pós-lançamento, avaliando o que os utilizadores realmente gostam vs as funcionalidades que não têm tração, e a perceber “como fazer dinheiro” dos nossos produtos.

Duas senhoras conversam

“Com a nossa atividade, não só alavancamos o bem-estar nos familiares – pela redução da sobrecarga emocional e social e aumento dos níveis de autoeficácia – como nas próprias pessoas com doença mental, porque se sentem melhor apoiadas.”

Como tem sido a vossa experiência no Rise for Impact durante os 3 meses de capacitação? De que forma esta capacitação vos ajudou a trabalhar o vosso projeto para atingir os objetivos do Fundo +Plus?

Tem sido muito enriquecedora! Este programa tem-nos dado ferramentas teóricas muito oportunas e permitido aplicar aquilo que aprendemos ao contexto da nossa organização. Aproveito, já agora, para agradecer publicamente ao Miguel Teixeira e Francisco Neves, pela exigência com que desempenham este papel de mentoria! Nós entendemos a exigência como uma qualidade, só assim nos desenvolvemos, pessoal e profissionalmente. Além disso, temos aprendido muito com os outros empreendedores. Os projetos selecionados encontram-se em fases diferentes, pelo que pela partilha dos erros, sucessos e planos de cada um gera-se aprendizagem entre todos. Relativamente à segunda pergunta e como expliquei anteriormente, o Rise for Impact deu-nos a resposta à pergunta “Então e agora?”, que surge com o fim do Fundo +PLUS.

 

O que significaria para vocês vencer o Rise for Impact?

Vencer o Rise For Impact significaria mais famílias apoiadas! Para nós seria a oportunidade de termos mais meios – financeiros e não financeiros – para erradicar o nosso problema social alvo. É isso que nos importa, é pelo propósito da nossa organização que nos guiamos, em todos os passos que damos no Maria. A Casa do Impacto foi a Casa que nos acolheu – e mudar de Casa não seria uma escolha, se essa escolha fosse nossa!

 

De que forma o projeto contribui para o cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030 da ONU?

Maria contribui para o cumprimento do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 3 – Saúde de Qualidade e Bem-Estar. Com a nossa atividade, não só alavancamos o bem-estar nos familiares – pela redução da sobrecarga emocional e social e aumento dos níveis de autoeficácia – como nas próprias pessoas com doença mental, porque se sentem melhor apoiadas. No Maria acreditamos que um doente melhor apoiado pela sua família é um doente com menos propensão a ter crises, recaídas e até ideias de suicídio.

 

Em 2025, como veem a comunidade Maria?

As necessidades do nosso target são variadas, não sendo só de informação e contacto social significativo que os familiares de pessoas com doença mental precisam. Por sabermos isso sabemos também que temos muito trabalho pela frente no que toca a desenvolvimento de produto e estabelecimento de parcerias. Sem querer revelar muito, posso partilhar que até 2025 iremos tornar Maria numa one-stop shop para familiares de pessoas com doença mental!

 

 

Descobre tudo sobre Maria aqui. Fica atento/a, este mês vamos conhecer os 10 projetos que participam na aceleração e que farão o seu pitch no Demoday que decorrerá a 16 de dezembro na Casa do Impacto. A entrada é gratuita mas carece de registo prévio aqui.

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